NÃO SE ILUDA COM UM SORRISO, A MALDADE ESTÁ NA MENTE...


Postagem Especial - 4 "Mente Criminosa" A voz do Alerta

O conteúdo desta postagem foi retirado e adaptado do 3º volume dos 3 volumes dos livros "Mente Criminosa" (estou tentando encontrar os 2 primeiros volumes) As ilustrações também foram retiradas do livro.

Aproveito para agradecer a divulgação e os comentários dos leitores.

A Voz do Alerta:

A identificação de uma voz gravada altamente subjetiva. Todos nós acreditamos que podemos reconhecer a voz de um membro da família ou de um amigo no telefone, mas a experiência mostra que é fácil cometer um erro. Pode haver distorção na linha e - se a mensagem for gravada - as deficiências técnicas do equipamento podem tornar a voz irreconhecível. E quando a voz gravada de um criminoso é transmitida na rádio ou na televisão esperando que alguém o reconheça, as pessoas muitas vezes apontam para várias pessoas, convencidas de que "conhecem essa voz". A polícia também precisa ser capaz de distinguir entre a verdadeira voz gravada de um delinquente e a voz de pessoas perturbadas que confessam o crime sem tê-lo cometido.

Especialistas em linguística podem detectar as sutilezas de sotaques regionais e as nuances da estrutura das frases e podem ser capazes de colocar a voz de uma pessoa dentro de limites geográficos ou sociais bem reduzidos...



...A procura pelo estripador de Yorkshire, por exemplo intensificou-se por muitas semanas após os peritos terem identificado corretamente a voz na "fita do estripador" como pertencente a um pequeno grupo de cidadezinhas no nordeste da Inglaterra. A fira era uma fraude gravada por um desconhecido...

Para quem não conhece o caso do Estripador de Yorkshire: http://pasdemasque.blogspot.com/2010/02/peter-sutcliffe-yorkshire-ripper.html

...No entanto, mesmo o reconhecimento correto da voz de alguém, que pode levar a polícia até o infrator, raramente é aceitável como prova. Os cientistas forenses ficaram maravilhados quando a técnica de identificação de voz ou "registro de voz" - que poderia ser demonstrada na prática perante o júri - foi aceita por um tribunal nos Estados Unidos em 1967.


O chefe-adjunto de West Yorkshire, George Oldfield (centro), ouve uma gravação de baixa qualidade do homem que erroneamente achavam que fosse o Estripador de Yorkshire.

Um Caso Histórico:

Durante os tumultos de 1965 no distrito de Watts, na cidade de Los Angeles, um repórter da CBS gravou uma conversa com um jovem. O homem falava de como fazia para tocar fogo pela cidade, mas ficava de costas para a câmera. Mais tarde, a polícia prendeu o jovem King Edward Lee, de 18 anos, por suspeita de assassinato e pediu a Lawrence Kersta - o criador da tecnologia do registro de voz - que comparasse as fitas gravadas com a voz de King.
Em julgamento cansativo e extenso, Kersta afirmou que os registros de voz eram idênticos e King foi condenado por homicídio. Ele recorreu da decisão dizendo que a gravação de sua voz se configura como prova contra si mesmo, fato que é proibido. Finalmente, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decidiu que o "direito de privilégio" contra autoincriminação não é aplicável nesses casos.


Uma cortina de fumaça sobe no distrito de Watts no centro de Los Angeles durante os motins de 18 de agosto de 1965.


O Espectrógrafo de Kersta:

Durante a Segunda Guerra Mundial, os soldados norte-americanos que grampearam as comunicações militares de rádio dos alemães precisavam ser capazes de distinguir e identificar as diferentes pessoas que falavam. Eles pediram aos cientistas e engenheiros da Bell Telephone Laboratories em Nova Jersey que desenvolvessem um método eletrônico para gravar e identificar padrões específicos de voz. Um dos eleitos para resolver o problema era Lawrence Kersta, que continuou sua pesquisa mesmo depois de a guerra acabar. Em 1963, ele finalmente aperfeiçoou um método de gravação de tom, volume, ressonância e articulação da voz humana, que foi chamado de "espectrograma".


Comparação dos timbres de voz na tela de um computador. As duas amostras principais são os resultados característicos do formato de onda do filtro de frequência eletrônica e o segmento no meio é o espectrograma de comparação.

O som da voz humana depende de dois fatores gerais. Um deles é a ressonância - criada na garganta, no peito e na cavidade arredondada da boca pelos movimentos da laringe e das cordas vocais. O outro mais característico, é a utilização dos articuladores - lábios, dentes, língua, mandíbula etc. -, que definem os sons de cada palavra.

Como Kersta escreveu, "a chance de duas pessoas terem a mesma dinâmica de utilização de padrões nos articuladores é remoa. O argumento da singularidade do padrão de voz, portanto, baseia-se na improbabilidade de que dois oradores tenham a mesma dimensão da cavidade vocal e os mesmos padrões de utilização dos articuladores de identificação de voz".

O espectrógrafo de Kersta está composto por quatro partes: um gravador de fita magnética de alta qualidade; um filtro de frequência; uma fita de aspersão no tambor e uma caneta eletrônica que registra as leituras sobre um papel sensível. O resultado também pode ser exibido na tela ou gravado no computador para uma análise mais detalhada. 
Uma amostra de discurso de 2,5 segundos gravado na fita passa várias vezes pelo filtro de frequência eletrônica . Assim são selecionada progressivamente as bandas estreitas de frequência, indo gradualmente de baixo para cima, e a caneta registra a sua intensidade relativa. A impressão final é o padrão de uma sequência de linhas que representa todas as frequência da voz da pessoa e suas intensidades. Podem obter-se dois tipos de registro de voz.

O primeiro, a impressão de barras, normalmente é produzido como evidência no tribunal. A escala horizontal representa o tempo da gravação, a escala vertical representa pela densidade da impressão. O segundo tipo é a impressão de contornos, que exibe as características mais complexas da voz e é mais adequado para as análises informáticas.

Durante a sua pesquisa para determinar a qualidade única do registro de voz, Kersta fez 50 mil gravações de vozes diferentes. Embora muitas parecessem semelhantes ao ouvi-las, o espectrógrafo demonstrou claramente suas diferenças. Kersta até chamou imitadores profissionais e mostrou que, embora as imitações fossem muito semelhantes à voz original, seus registros de voz eram muito diferentes.

Mais de 5 mil casos de identificação de voz foram tratados por especialistas em registro de voz nos Estados Unidos até hoje. Os casos incluem assassinato, estupro, extorsão, narcotráfico, furto, ameaça de bomba, atividades terroristas, crime organizado, corrupção política e sonegação fiscal. Um levantamento do FBI sobre seu próprio desempenho em 2 mil casos tinha um índice de erro de apenas 0,31% de falsas identificações e 0,53% de eliminações incorretos. 

A apresentação de registros de voz como evidência, tal como acontece com as impressões digitais, exige o estabelecimento acordado de um número de pontos de identificação. No momento não existe uma norma comum. A receita Federal dos Estados Unidos exige um mínimo de 20 características idênticas na voz, mas outras agências exigem apenas dez. Até agora, os outros países continuam duvidando do valor dos registros de voz e não adotaram ainda essa técnica revolucionária.

Obviamente, os registro de voz têm pouca utilidade se não forem comparados com a voz de um suspeito conhecido. No entanto, os analistas podem detectar características específicas que, em combinação com os perfis psicológicos intuitivos, podem ajudar a reduzir o campo das buscas na investigação.



Quando Clifford Irving escreveu as memórias de Howard Hughes, o excêmtrico milionário quebrou um silêncio de 15 anos para fazer uma chamada de duas horas em seu refúgio nas Bahamas para denunciar o trablho como uma " ficção totalmente absurda". Lawrence Kersta analisou as gravações da conversa e as comparou com uma gravação de um discurso que Hughes tinha feito há mais de 30 anos. Ele concluiu que a voz no telefone, sem dúvida, era de Hughes.


O BATEDOR DE CARTEIRAS ASSASSINO

Depois da aceitação dos registros de voz em 1967 no caso Edward Lee King, várias autoridades policias dos Estados Unidos começaram a trabalhar com a identificação de voz. A polícia de Michigan foi uma das primeiras a fazê-lo.
Em setembro de 1971, um fiscal de jogo da região de Green Bay, Wisconsin, foi dado como desaparecido e, no dia seguinte, seu corpo, decapitado e com vários tiros, foi encontrado em uma cova rasa com a cabeça enterrada nas proximidades.
O policial encarregado do inquérito, o sargento Marvin Gerlokovski, pensou que o assassinato tinha sido uma vingança e todos aqueles que tinham sido detidos pelo fiscal foram chamados para um interrogatório.
Aqueles que não consequiram demonstrar um bom álibi foram intimados a enfrentar o teste do polígrafo ("detector de mentiras"). Apenas um se recusou: Brian Hussong, um homem conhecido localmente como um batedor de carteiras.
Gerlikovski obteve uma ordem judicial que permitia colocar um grampo no telefone de Hussong e ter as conversas gravadas. Uma dessas conversas foi com sua avó, de 83 anos de idade, que lhe garantiu que as armas estavam escondidas. Uma busca na casa dela encontrou as armas e o exame feito por balística confirmou que uma delas tinha sido usada contra o fiscal.
No julgamento de Husson, sua avó negou ter conhecimento das armas. No entanto, um analista da Unidade de Identificação de Voz do estado de Michigan, apresentou os registros de voz como evidência e demonstrou que a voz da avó era idêntica e que claramente era muito diferente do resto dos parentes de Hussong.





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